Da redação

“Ninguém aqui fora deu procuração para vocês representarem ninguém. Sem essa de representatividade, que isso não leva a nada”, disse o apresentador Tiago Leifert, em uma das eliminações da última edição do Big Brother Brasil.
A eliminada da vez era Nayara, mulher negra, que falava sobre questões raciais no programa. A moça não cativou os telespectadores, é verdade, mas Leifert errou na frase. A Representatividade importa. E muito. Até porque negros ainda são minoria quando se trata de aparições na TV.
mais de 90% dos protagonistas das campanhas publicitárias são brancos
Segundo pesquisa de Renato Meirelles, do instituto de pesquisa Locomotiva, mais de 90% dos protagonistas das campanhas publicitárias são brancos. Quase todos os protagonistas de novelas têm a pele clara — exceções feitas a Tais Araújo e Lázaro Ramos.
Aliás, o elenco de Segundo Sol, novela da Globo que se passa na Bahia — estado com mais negros do país –, tem uma minoria de atores negros em seu elenco. Faltam espaço e visibilidade às minorias (mulheres, negros e negras, gays, bissexuais, lésbicas e transexuais).
E o que se perde com isso? O entendimento de outra realidade: a do racismo e do preconceito enfrentados pelas minorias. E de dar às minorias novas perspectivas — de espaço profissional, por exemplo.
É por isso que a Unicamp e outras universidade públicas passaram a cobrar autores negros em suas listas de leitura obrigatória. O disco Sobrevivendo no Inferno, do grupo de rap Racionais MC’s, de 1997, fala sobre racismo e pobreza.
E passa a toda a classe média branca, que é maioria entre os aprovados, a visão de um mundo que não lhe pertence. Só assim, com entendimento, é possível combater a intolerância.